Ansiedade pré-natal

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Por Rafaela Schiavo – 21 Novembro 2015


Ansiedade pré-natal

O Ciclo Gravídico Puerperal é marcado por alterações emocionais, características deste período, com possibilidade de desencadear transtornos psíquicos significativos, comprometendo a saúde mental da mulher. Tais alterações, frutos de fatores sociais e psicológicos, podem influenciar o desenvolvimento da gestação, assim como o bem-estar e saúde da mãe e do feto. Entre os fatores psicológicos que, geralmente, implicam em complicação durante gestação, parto e puerpério, podemos citar a alta ansiedade.
A ansiedade no ciclo gravídico puerperal é considerada comum, porém níveis de ansiedade elevados durante o mesmo é considerados fator de risco para nascimento prematuro e baixo peso, pré-eclâmpsia e mecônio no liquido amniótico, além de ser um indicativo para ansiedade e depressão puerperal.
Pesquisas têm revelado que é no terceiro trimestre de gestação que as gestantes apresentam maior ansiedade, comparando com os anteriores, principalmente quando é a primeira gravidez.
Pesquisadores têm chamado a atenção para o fato de que a ansiedade pré-natal ocorre com frequência e, muitas vezes, confunde-se ansiedade com depressão. Ressaltam que é comum haver dificuldades na avaliação da ansiedade, pois há superposição dos sintomas desta com os sintomas depressivos. A ansiedade e a depressão são constructos independentes, mas é reconhecida a sobreposição de sintomas.
Os sintomas, relativamente inespecíficos que estão presentes tanto em indivíduos ansiosos como depressivos, são: humor deprimido e ansioso, insônia, desconforto ou insatisfação, irritabilidade e dificuldades de concentração. Por outro lado os sintomas específicos da ansiedade são tensão somática e hiperatividade e os da depressão são anedonia e ausência de afeto positivo
O suporte social é fator protetivo no período gestacional, como forma de se prevenir sintomatologias depressivas e ansiosas na grávida, bem como a prevenção de nascimento baixo peso. Maior participação do parceiro na gestação pode diminuir a ansiedade.
Portanto, apesar de sintomas ansiosos serem comuns no período gestacional, a alta ansiedade pode levar à complicações tanto para a mãe como para o bebê/feto. É preciso que a gestante e seus familiares fiquem atentos aos sinais de mudança de comportamento da grávida, um especialista da saúde mental poderá realizar a avaliação e se for o caso fará as intervenções necessárias.


 

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