O bebê real e o idealizado

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Por Rafaela Schiavo – 12 novembro 2015


Para muitas mulheres ser mãe é um sonho que a acompanha desde criança, muitas fazem planos, idealizam, planejam e sonham muito com o momento em que se tornarão mães, algumas desenvolvem também um forte desejo e preferência por um determinado sexo para seu bebê.
Fantasiar como será o bebê é importante e saudável, entretanto, é preciso também ter o “pé no chão” e não se deixar levar de mais pelas fantasias, já que em muitos casos o bebê real, não é o mesmo bebê que foi idealizado pelos pais. Portanto, o bebê idealizado só existe na imaginação, quando um casal/mulher engravida, o bebê que gesta é um bebê agora real e não mais fantasiado.
Alessandra Piontelli, médica, psicoterapeuta infantil e psicanalista, realizou um trabalho pioneiro observando o comportamento fetal por meio do ultrassom e acompanhando longitudinalmente esses fetos, desde o útero até completarem a idade de quatro anos. Ela descobriu que existe uma notável continuidade de comportamentos antes e depois do nascimento, onde cada recém-nascido, é um ser altamente individualizado, ou seja, provavelmente os comportamentos idealizados pelos pais para seus filhos, não serão exatamente os comportamentos reais que as crianças irão desenvolver.
As idealizações no geral são de que o filho será de determinado sexo, nascerá sem nenhuma anomalia ou deficiência física ou mental, será um bebê tranquilo, que chora pouco ou que não dá muito trabalho, que dorme sempre quando colocado para dormir, que se alimenta adequadamente, etc. No entanto, a criança real pode ser bem diferente da fantasiada e isso pode deixar os pais frustrados em diferentes níveis, desde uma leve frustração até desenvolver algum problema de saúde mental como a depressão por exemplo.
Seria importante haver espaço no período gestacional para que os casais grávidos e grávidas possam falar sobre as expectativas que tem depositado sobre o bebê, e que possam refletir também a respeito da possibilidade do bebê real não corresponder a essas expectativas fantasiadas.
Conversar com casais que acabaram de ter bebê também ajudaria, pois, muitos se sentem traídos pela sociedade, pois a mesma muitas vezes omite a esses o quanto cuidar de um bebê pode ser difícil principalmente quando o bebê não corresponde às expectativas dos pais.
Se sentir frustrado em relação ao bebê real não faz dos pais pessoas más, que não estão satisfeitos com o próprio filho, mas faz dos pais seres humanos como todos os outros, se sentir frustrado em relação ao bebê real não é o mesmo que não amar o bebê. A convivência do dia-a-dia ensinará os pais a como lidar com o bebê real.
Caso a frustração com a maternidade/paternidade estiver lhe incomodando muito, não hesite em procurar um psicólogo.

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