O que nos faz chorar?

em

Cida Chagas

Neste ano, o dia 08 de Março –  Dia Internacional das Mulheres –  teve como chamado um novo movimento feminista para lutar por pautas expandidas,  lutando contra o racismo, a homofobia, a desigualdade social, a discriminação e a intolerância em geral. De fato, 08 de março acabou sendo um manifesto aberto com um mote incisivo sobre a violência contra as mulheres e outros temas que gravitaram ao redor, como no caso do Brasil, a reforma da previdência.

Diante do chamado para um feminismo militante, podemos nos perguntar quais são as reivindicações da população negra que as mulheres em geral poderiam somar e ajudar? Longe de querer representar a população negra e as suas pautas reivindicatórias, gostaríamos de chamar atenção para o debate sobre a morte de jovens negros .

Jovens pelos quais muitas mães choram pelas suas perdas.

Há muitas pautas reivindicatórias da população negra,  questões que tem como estrutura o racismo nosso de cada dia. Poderíamos lembrar sobre o déficit escolar, a violência contra a mulher negra, o mercado de trabalho,  a saúde desta população, o encarceramento em massa da população negra, a segregação espacial, a valorização de sua estética, a invisibilidade de sua cultura e da sua ancestralidade, a carência infantil;  mas elegemos a violência contra os jovens negros, como se vê, não por falta de opção, mas por ser um tema que não podemos ignorar pelos impacto que recebe neste momento de inflexão social.

Como envolver as pessoas não negras , como desenvolver a empatia por este tema? Por isso pedimos licença para as pautas candentes do TQFSI para tratar deste tema aqui. Essa é uma luta que todos os descendentes de africanos negros enfrentam por todo o mundo.

Nos Estados Unidos, devido a sua força geopolítica e a disseminação ampla de suas linguagens culturais, a morte de jovens negros se torna mais evidente. Esta presente no cinema, nas séries televisivas e nas músicas. Mas as pessoas negras de todo o mundo enfrentam essa tragédia, sobretudo, aquelas que estão confinadas nas periferias pobres, elas são massacradas diariamente. Vejam os casos dos banlieues franceses.  O Brasil é o país que mais tem pessoas negras fora do continente africano, mas como todos os países multirraciais, não convive bem com a sua diversidade racial e étnica, pois o racismo estruturou as suas relações.

Em 2015, o Estado brasileiro, por meio da Câmara dos Deputados,  encerrou a CPI da  Violência contra Jovens Negros concluindo que a causa primordial de homicídio dos jovens negros e pobres é o racismo.  Os dados do Ministério da Saúde, debatidos pela CPI, informam que no período de 2001 a 2011, dos  547.490 homicídios, 34,4% eram pessoas brancas, enquanto 64,7% das vítimas eram negras. Citam ainda dados do Ministério da Justiça, quando em 2012, das 56.337 pessoas vítimas de homicídio,  53,4% do total eram jovens. Destes jovens, 71,5% eram negros e 93,4% eram do sexo masculino. Segundo o IPEA, no Brasil um jovem negro tem 3,7 vezes mais chance de ser vítima de homicídio do que um jovem branco.

Quando os gaps sociais são grandes, saúde, educação, equipamentos culturais, dinamismo econômico, qual é o instrumento do Estado que primeiramente acessa as regiões pobres e negras? A polícia.  Outros agentes do Estado necessitam-se fazer presentes para o diálogo e a implementação de políticas públicas que libertem da opressão a que essas populações estão presas.

Faltam políticas públicas e falta também empatia pelos problemas da população negra, pelos problemas das mães desses jovens. Sabemos que essa luta é outro encargo sobre os ombros feminino.  O resultado leva esses problemas serem de todas as pessoas por mais difícil que seja admiti-lo.

Para saber mais:

Ipea

CPI Violência contra Jovens Negros

CPI Violência contra Jovens Negros  – 

BBC Brasil

1 comentário Adicione o seu

  1. Tantas coisa nos fazem chorar, mas temos que procurar o que nos faz rir, gostei do post, parabéns!!

    Curtir

Deixe um comentário